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A inteligência artificial pode contribuir para a transformação dos modelos de desenvolvimento na América Latina e no Caribe para torná-los mais produtivos, inclusivos e sustentáveis

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11 de agosto de 2023|Comunicado de imprensa

O primeiro Índice Latino-Americano de IA foi lançado na sede da CEPAL, em evento conduzido pelo Secretário Executivo do organismo, José Manuel Salazar-Xirinachs, pela Ministra da Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile, Aisén Etcheverry, e por representantes de organismos internacionais, do setor privado e da academia.

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Fotografía de la reunión.
Foto: CEPAL.

A inteligência artificial (IA) pode contribuir enormemente para a transformação dos modelos de desenvolvimento na América Latina e no Caribe a fim de torná-los mais produtivos, inclusivos e sustentáveis; porém, para aproveitar suas oportunidades e minimizar suas potenciais ameaças, é preciso reflexão, visão estratégica, regulamentação e coordenação regional e multilateral, afirmaram autoridades e especialistas durante o lançamento do primeiro Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial (ILIA) na CEPAL.

O evento intitulado IA para o desenvolvimento sustentável da América Latina teve lugar na sede da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em Santiago do Chile e contou com palavras de boas-vindas de José Manuel Salazar-Xirinachs, Secretário Executivo da CEPAL, que ressaltou a necessidade de que “a inteligência artificial seja trabalhada de maneira explícita e deliberada no âmbito das políticas de desenvolvimento produtivo dos países da região e de seus territórios”.

Para aproveitar ao máximo o potencial da inteligência artificial é preciso um ambiente propício que inclua infraestrutura digital, disponibilidade de dados, talentos digitais e capacidades de inovação e empreendimento digital, sublinhou o alto funcionário das Nações Unidas, saudando a elaboração do ILIA pelo Centro Nacional de Inteligência Artificial (CENIA) do Chile.

Não obstante, José Manuel Salazar-Xirinachs manifestou: “Devemos estar muito atentos às questões éticas de sua implementação e devemos aprofundar a análise dos desafios relacionados com a privacidade dos dados, bem como as tendenciosidades e discriminação nas decisões baseadas em algoritmos inteligentes”.

“Todos estes são aspectos sobre os quais estamos trabalhando com a Agenda Digital para a América Latina e o Caribe (eLAC), com vistas à Nona Conferência Ministerial sobre a Sociedade da Informação da América Latina e do Caribe, a ser realizada em Santiago do Chile em 2024”, explicou.

“A CEPAL, como secretaria técnica do eLAC, e graças ao apoio da União Europeia, através da Aliança Digital União Europeia-América Latina e Caribe, seguirá apoiando os países da região para avançar na construção de ambientes propícios, vinculando os esforços de transformação digital com os de desenvolvimento produtivo e procurando proporcionar uma governança de dados que permita construir o caminho para um desenvolvimento sustentável e inclusivo”, expressou o Secretário Executivo da CEPAL.

No encontro também intervieram Ewout Sandker, Chefe de Cooperação da Delegação da União Europeia no Chile, Aisén Etcheverry, Ministra da Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile, que fez uma apresentação sobre a inteligência artificial e o desenvolvimento científico da América Latina, e Eve Andersson, Diretora Sênior de Google Alphabet, a cargo de uma palestra magistral denominada “A importância da IA para o desenvolvimento humano na América Latina”.

A inteligência artificial “é um tema que tem grande potencial para a cooperação birregional”, afirmou Ewout Sandker. “Um dos principais frutos da Cúpula UE-CELAC de 17 e 18 de julho foi a Aliança Digital União Europeia-América Latina e Caribe, resultando em um compromisso conjunto para impulsionar uma transformação digital com foco no ser humano”, disse.

“Quando olhamos os desafios regulatórios ou de desenvolvimento de políticas públicas, e o fazemos com uma visão multilateral, o que obtemos são padrões internacionais que ajudam precisamente a que a tecnologia seja bem desenvolvida e que os valores que sustentam esse desenvolvimento tecnológico sejam também compartilhados por países e nações que pensam de maneira semelhante. E isso é uma grande contribuição desta comunidade em torno da ciência e tecnologia que se gerou não só no Chile, mas também no resto da América Latina”, sublinhou a Ministra Aisén Etcheverry.

“Estamos certos de que o primeiro Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial será uma grande contribuição ao desenvolvimento de políticas públicas, que se soma ao esforço compartilhado dos países da América Latina e do Caribe”, indicou a Ministra da Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile.

Durante sua intervenção, Eve Andersson, Diretora Sênior de Google Alphabet, abordou a utilização da IA para criar uma tecnologia inclusiva, apresentando diversos exemplos concretos: “Em Google desenvolvemos softwares nas áreas de acessibilidade para pessoas com deficiência e equidade e inclusão. Podemos usar a tecnologia para superar as tendenciosidades humanas naturais”, entre elas as de gênero.

O primeiro Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial foi elaborado pelo CENIA com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe) e Organização dos Estados Americanos (OEA), mais a assistência técnica da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o HAI de Stanford.

Trata-se de um estudo pioneiro que revela a situação da IA em 12 países da região: Argentina, Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Uruguai, Paraguai, Costa Rica, Equador, Panamá, Brasil e México, explicaram Álvaro Soto, Diretor do CENIA, e Rodrigo Durán Rojas, Diretor de Vinculação da mesma instituição.

O ILIA considera o contexto material, social e cultural da região e analisa cinco dimensões: fatores habilitadores (elementos que são necessários para se desenvolva um sistema de IA robusto no país); pesquisa, desenvolvimento e adoção; governança (nível de desenvolvimento do ambiente institucional); percepção (tópicos dominantes nas redes sociais e meios digitais); e futuro (tendências acadêmicas e visão dos especialistas sobre o impacto social).

“A América Latina é uma região tão diversa como suas paisagens. Há países com enorme desenvolvimento da inteligência artificial em termos relativos” e outros onde não ocorre a mesma situação, assinalou Rodrigo Durán. Nenhum país concentra todos os aspectos essenciais neste índice, mas todos podem aprender com os outros e todos têm algo para ensinar aos outros, enfatizou o representante. México e Brasil concentram cerca de 95% das patentes de inteligência artificial, exemplificou.

Há uma correlação muito estreita entre os fatores habilitadores e os desempenhos relativos no âmbito regional, revelou Durán. Por isso, a atenção das políticas públicas e dos organismos de cooperação internacional deveria estar concentrada nos fatores habilitadores para obter um desenvolvimento mais rápido, sustentável e justo dos sistemas de inteligência artificial, sintetizou.

O evento incluiu um painel de debate sobre a necessidade de avançar para uma visão própria a respeito dos benefícios e ameaças da IA, seu vínculo com as agendas de transformação digital e seu impacto produtivo, social e institucional.